Obras do BRT de Belém continuam paradas

10/06/2014 - Diário do Pará

Entre o canteiro central e a mureta instalada no início das obras, o espaço por onde circularia o ônibus articulado do BRT (Bus Rapid Transit), na avenida Augusto Montenegro, só acomoda lixo, lama e o mato que se desenvolve nos pontos de acúmulo de água. Prevista para ser retomada após a entrega do corredor expresso da avenida Almirante Barroso, as obras da Augusto Montenegro seguem paradas.

Dificultada pelo acúmulo de lixo no local onde seria o corredor exclusivo para ônibus, a travessia dos pedestres dependia, na manhã desta segunda-feira (09), do trabalho realizado por dois homens contratados pelos próprios moradores da Augusto Montenegro, às proximidades da rua da Marinha. Passada a retirada das tábuas já quebradas, os homens substituíam a madeira que fazia a ligação do canteiro central com o início da pista.

Pedestre constante da avenida, a preocupação do almoxarife Daniel Menezes é com o risco de acidente em meio às obras paralisadas. "Eu passo aqui todo dia e nem lembro mais a última vez que eu vi gente trabalhando nisso aí", considera. "Fizeram uma 'ponte' com madeira aí para ver se o pessoal consegue pelo menos atravessar. Tava arriscado, muita gente já caiu aí. É um absurdo começarem esse negócio e deixarem aí desse jeito".

Morador da avenida desde 1980, é da frente de casa que Moacir Gonçalves acompanha os longos congestionamentos que se formam ainda no início da Augusto Montenegro, no sentido de quem segue para Icoaraci.

Foi da entrada de casa também que o aposentado viu o início e a interrupção das obras que prometiam "desafogar" o trânsito e proporcionar mais conforto aos usuários do transporte público. "Desde o ano passado que não vejo mais ninguém aí, nenhuma máquina. Está tudo parado e o engraçado é que a gente vê na TV o comercial dizendo que tão fazendo", ironiza, ao lembrar da promessa feita ainda em fevereiro deste ano. "Disseram que, logo que acabasse a parte da Almirante Barroso, começariam aqui. Mas isso já tem muito tempo e por aqui não começou nada".

Lembrando da liberação de verba por parte do governo federal para a implantação do anunciado BRT, ele já esperava ver algo resolvido depois de tanto tempo. "Já tinham liberado essa verba e tudo continua na mesma. Que rumo esse dinheiro está tomando?".

TEMPO

Funcionária de uma barraca de venda de água de coco instalada na avenida, a comerciante Maria de Nazaré Pinheiro já contabiliza o tempo que não vê mais movimentação nas obras. "Tem dez meses que eu trabalho aqui e que não vejo ninguém trabalhar aí, não. Já teria dado tempo de terminarem isso aí", acredita. "A gente fica com vontade que saia logo isso para ver se melhora, né? Fica esse negócio aí no 'meião' da pista empatando os carros de passar com mais espaço, né? Não pode deixar esse negócio assim parado", complementa o metalúrgico Antônio Silva.

Registrado no próprio site criado pela prefeitura de Belém para que a população pudesse acompanhar o andamento das obras de implantação do BRT, a perspectiva de que as obras iniciassem na Augusto Montenegro após a entrega dos corredores expressos foi apontada pelo prefeito Zenaldo Coutinho. Segundo a matéria publicada no site do BRT, a abertura da licitação para a segunda etapa do projeto estava prevista para o dia 15 de fevereiro deste ano.