Em Manaus, usuários ainda tem dúvidas sobre sistema BRS e Faixas Azuis

10/03/15 - D24M
 
O portal de notícias D24AM ouviu a SMTU e Manaustrans para sanar as principais dúvidas dos usuários sobre o sistema

Henrique Saunier

'Faixa Azul' na av. Mário Ypiranga
'Faixa Azul' na av. Mário Ypiranga
créditos: Marcio James/Seminf
 
Manaus - O sistema BRS (Bus Rapid System), implantado nas avenidas Constantino Nery e Mário Ypiranga, ainda causa muitas dúvidas na população, principalmente quando o assunto é a diferença entre outro projeto semelhante: o BRT, sigla para Bus Rapid Transit. Para sanar 7 questões sobre o tema, o D24am buscou a Superintendência Municipal de Transportes Urbanos (SMTU)  e o Instituto Municipal de Engenharia e Fiscalização de Trânsito (Manaustrans), responsáveis, respectivamente, pela implantação e fiscalização do sistema. Confira os tópicos a seguir:
 
1 - Quais as principais diferenças entre o BRS e o BRT?
Não é só no nome que esses dois sistemas compartilham as semelhanças. Na prática, o BRS pode ser considerado como um primeiro passo para a implantação posterior do BRT. Enquanto o primeiro consiste na sinalização de pistas que podem ser compartilhadas entre ônibus e veículos de passeio, o segundo necessita a implantação de estações, construção de corredores exclusivos e não pode dividir o mesmo espaço com automóveis. A principal diferença também está no preço, conforme o superintendente da SMTU, Pedro Carvalho. Em Manaus, enquanto o BRS custa aproximadamente R$ 20 mil para aplicá-lo em cada quilômetro, o valor salta para R$ 15 milhões, por quilômetro, no caso de implantação do BRT.
 
2 - Quem pode utilizar a faixa azul do BRS?
Além dos ônibus preparados com porta de desembarque na esquerda, somente podem trafegar no corredor do BRS ambulâncias, táxis com passageiros, viaturas da polícia e ônibus do sistema de fretamento escolar com passageiros. Isso vale para o corredor na avenida Constantino Nery, que possui plataformas centrais de embarque de passageiros. Já na avenida Mário Ypiranga, onde todos os ônibus utilizam a faixa da direita da pista, os condutores de veículos leves só poderão circular dentro da recém aplicada faixa azul nos trechos próximos a cruzamentos, com necessidade de fazer conversão à direita. Ficam livres de punição os condutores que precisarem entrar na faixa para acessar prédios públicos ou privados. Além disso, o veículo não poderá prosseguir pelo corredor por mais de um cruzamento. Esta manobra indica que o condutor transitou continuamente pela faixa azul e não entrou nela apenas para a conversão.
 
3 - Qual a punição para quem desrespeitar a faixa exclusiva?
De acordo com o artigo 184 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), inciso 2°, circular na faixa ou pista da esquerda regulamentada como de circulação exclusiva para determinado tipo de veículo, como é o caso da Constantino Nery, é infração grave, com multa no valor de R$ 127,69 e cinco pontos na Carteira Nacional de Habilitação.Também segundo o artigo 184 do Código de Trânsito Brasileiro, inciso 1°, circular na faixa ou pista da direita regulamentada como de circulação exclusiva para determinado tipo de veículo, como é o caso da Mário Ypiranga, é infração leve, com multa de R$ 53,20, com três pontos na Carteira de Habilitação. No entanto, a fiscalização nessa via só inicia no próximo dia 4 de abril.
 
4 - Quantos quilômetros de faixa exclusiva Manaus possui e quais as próximas avenidas a ganharem o sistema BRS?
Até o momento, a SMTU aplicou 6 quilômetros de faixa exclusiva, contabilizando as avenidas Constantino Nery e Mário Ypiranga. Outras vias vão receber a faixa, sendo a próxima a Umberto Calderaro (antiga Paraíba), seguidas por Torquato Tapajós, Max Teixeira e André Araújo. A SMTU estuda, ainda, implantar o BRS na Djalma Batista. Ao todo, o projeto de transição do BRS para o BRT prevê 60 quilômetros de corredores exclusivos para ônibus, contemplando o eixo Norte e Leste da capital.
 
5 - Há previsão para que todos os ônibus utilizem a faixa exclusiva na Constantino Nery?
Atualmente, dez linhas de ônibus embarcam e desembarcam nas oito plataformas do BRS localizadas na Constantino Nery. De acordo com Pedro Carvalho, a Constantino Nery é o principal corredor de ônibus da cidade, por isso não dá para colocar todos os coletivos em uma só faixa. Ele toma como exemplo Copacabana (Rio de Janeiro), onde são disponibilizadas duas faixas para os ônibus e uma terceira é compartilhada com o restante do trânsito.Pedro Carvalho informou, ainda, que no mês de março mais ônibus com a porta esquerda devem chegar à cidade. "Estamos  gradativamente fazendo remanejamento, juntando linhas, pois o transporte é dinâmico, ele se modifica, mas não podemos fazer tudo de uma vez, senão o trauma é maior. Cada mexida de linha tem sua repercussão", explicou o superintendente da SMTU.
 
6 - Quantas linhas de ônibus no total utilizam o BRS em Manaus e isso equivale a quantos passageiros beneficiados?
Na Constantino Nery são 10 linhas, que equivalem a 240 mil passageiros pagantes transportados por dia. Já na Mário Ypiranga, entre Viaduto Miguel Arraes e a rua Salvador são 24 linhas, passando para 37 linhas se somados aos ônibus que trafegam entre as ruas Salvador e Teresina, somando mais 143 mil passageiros pagantes diariamente. Os dados são da SMTU. Em Manaus, de acordo com a superintendência, 56% das pessoas se deslocam por meio de transporte coletivo, o equivalente a 800 mil deslocamentos por dia.
 
7 - Qual seria o valor de investimento para implantar o BRT e qual o prazo para início das obras?
Para realizar a implantação dos 60 quilômetros do BRT em Manaus a Prefeitura de Manaus necessita de R$ 900 milhões, sem contar com as desapropriações por onde a obra deve passar, pulando para R$ 1,4 bilhão no total. A SMTU informou que está em processo de realização do projeto e de que é possível iniciar as obras na gestão do prefeito Arthur Neto, sem especificar datas.